Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Comércio de drogas é fator central da violência, alerta especialista ao encerrar evento do MJ

Destaque

Comércio de drogas é fator central da violência, alerta especialista ao encerrar evento do MJ

por publicado: 26/06/2018 18h56 última modificação: 27/06/2018 10h58
Semana Nacional destinada à prevenção ao uso de substâncias psicoativas expõe impactos do seu uso sobre homicídios e necessidade de monitoramento internacional

 Evento Senad

Talk show durante evento no MJ abordou importância do apoio da família na recuperação         Crédito: Isaac Amorim

Brasília, 26/06/2018 - Dois painéis de discussão marcaram o encerramento das atividades da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas nesta terça-feira (26). O primeiro abordou as “interseções entre uso, tráfico (de drogas) e homicídios no Brasil” e contou  com apresentações da representante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Samira Bueno, e do professor da Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), Luiz Flávio Sapori. 

De acordo com Bueno, existem quatro canais que associam drogas ilícitas a violência: psicofarmacológico (uso de drogas e comportamento violento), compulsão econômica (roubos e furtos para manter o vício), sistêmico (mercados regulados na base da violência) e infrações à legislação em matéria de droga. Ela indicou ainda que “a cada quatro minutos um boletim de ocorrência de posse e uso de droga é lavrado no Brasil”. 

Outra questão, levantada pelo professo Luiz Flávio Sapori, é a constatação de que o mercado de drogas se consolidou como principal matriz da violência interpessoal. Sapori apresentou pesquisa realizada em Belo Horizonte (MG) e Maceió (AL). 

Nessas cidades, o comercio de drogas ilícitas como motivação dos homicídios chega a 57% na capital mineira e 75% na alagoana. Para ele, os homicídios não resultam apenas de conflitos decorrentes da dinâmica da atividade comercial. 

“Os comerciantes do mercado das drogas ilícitas tendem a utilizar a violência física como mecanismo de imposição de suas vontades nos mais diversos tipos de conflitos nos quais se envolvem nos territórios onde atuam comercialmente”, acrescentou. 

No segundo painel o cenário nacional e internacional sobre drogas foi apresentado pelo Deputado Federal, Osmar Terra, e pelo representante do Escritório nas Nações Unidas sobre Drogas e crime no Brasil (Unodc), Rafael Franzini. Terra destacou o grave problema da desinformação e da ausência de políticas que tem feito com que “ as drogas tomem conta da nossa juventude”.  

Segundo o deputado, é necessário tratamento diferente da redução de danos já que esse tipo de ação não faz com que a pessoa volte a ter uma vida relativamente produtiva. “É difícil tratar o dependente químico no lugar em que ele consome a droga”, indicou. Terra destacou o novo marco legal sobre drogas ressaltando que uma efetiva política deve ser embasada em evidências. 

No cenário internacional, Franzini lembrou a importância de os países desenvolverem seus observatórios sobre drogas e também a necessidade de implementação de um observatório mundial “que possibilitará comparações, alertas sobre novas substancias psicoativas e parâmetros para o aprimoramento de políticas públicas sobre drogas”. 

Nesse contexto, foi relançado na segunda-feira (25) -  durante a cerimônia de abertura da Semana, o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid), ferramenta responsável por gerir e disseminar informações confiáveis e científicas sobre drogas. 

O Observatório também é um canal de armazenamento de dados sobre drogas, incluindo pesquisas realizadas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), estatísticas e indicadores. Além de atender à sociedade acadêmica, o portal também pretende se comunicar com outros públicos, como usuários, familiares, gestores, profissionais – além da sociedade em geral. 

O Secretário Nacional de políticas sobre drogas, Humberto Viana, encerrou o evento agradecendo a participação dos presentes e registrou que o momento foi uma boa oportunidade para debater a política. “O fato de se estar diante de posições antagônicas fortalece a necessidade de se tratar do tema com mais profundidade”, afirmou.

 

 

ASSINATURAMJ_PORTAL_0803_PARTE BCA.JPGASSINATURAMJ_PORTAL_0803.jpgFACEBOOK_ICON_2103.jpgYOUTUBE_ICON_2103.jpgTWITTER_ICON_2103.jpgFLICKR_ICON_2103.jpg