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Secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência fala sobre desafios de viver sem enxergar

por publicado: 13/12/2016 14h54 última modificação: 13/12/2016 15h10
No dia Nacional do Cego, o Secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Moisés Bauer, fala sobre políticas públicas e sobre os desafios diários enfrentados por uma pessoa com deficiência visual

Brasília, 13/12/16 - Nesta terça-feira (13), Dia Nacional do Cego, o Secretário Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Moisés Bauer, fala sobre os desafios que uma pessoa com deficiência visual encara todos os dias. “Para a pessoa com deficiência visual, a maior barreira é a comunicacional. As limitações no meio físico são muitas, mas não são as maiores”, explica o representante da pasta. Confira a entrevista concedida ao portal do MJC.

 

Há quanto tempo você tem essa deficiência?

Perdi a visão com 8 anos de idade e hoje eu estou com 37 anos, ou seja, há quase 30 anos eu convivo com a cegueira.


Como é a vida de uma pessoa que não enxerga como a maioria das pessoas?

Para pessoa com deficiência visual, a maior barreira é a comunicacional. As limitações ao meio físico, elas até existem. Mas as maiores dificuldades estão ligadas à comunicação, às informações escritas, ao acesso a sistemas digitais, como sites ou outros sistemas corporativos no ambiente de trabalho e que muitas vezes carecem de acessibilidade.

 

Como foi a sua infância e juventude? Houve dificuldades de adaptação?  

Felizmente eu não posso dizer que teve alguma fase da vida mais ou menos complicada. Talvez as barreiras, como eu falei, estão muito relacionadas a comunicação. Isso aconteceu muito no período de estudos, principalmente durante a graduação e pós-graduação, quando o acesso à leitura é bastante exigido e a ausência de livros mais acessíveis é uma grande barreira para uma boa formação. Mas felizmente com bastante esforço e colaboração de familiares e amigos eu pude concluir a graduação, ter uma boa formação, fazer uma seleção em concurso público e conseguir um bom emprego.

Secretário da Pessoa com Deficiência Secretário Especial da Pessoa com Deficiência do MJC, Moisés Bauer

 

O preconceito ainda é muito grande?

O preconceito existe e dá margem para um outro tipo de barreira. Eu já falei em barreiras físicas e comunicacionais, e o preconceito gera uma outra barreira que é a atitudinal, que é quando as pessoas não sabem como reagir com uma pessoa cega, como interagir. Isso traz bastante dificuldade nas relações interpessoais. Por exemplo, se estou acompanhado de uma pessoa em um estabelecimento o vendedor ou atendente costuma dirigir as perguntas à pessoa que está comigo e não a mim, embora seja eu que chego e peço pelo produto. E quando ele traz o pedido ainda se dirige novamente à pessoa que está comigo.

 

Como secretário, quais são suas prioridades no cargo?

Hoje nós temos como prioridade a regulamentação da Lei Brasileira de Inclusão, que trouxe diversos dispositivos expressamente dirigidos à uma regulamentação. Então a gente tem feito um esforço grande para elaborar os decretos e portarias que visem a regulamentação da lei e a partir daí, reavaliar e planejar uma série de políticas públicas que a própria legislação impõe ao gestor público.

 

Qual a mensagem que você deixa para as pessoas que convivem com esse tipo de deficiência?

Independentemente da deficiência que a pessoa possua ou das barreiras que essa deficiência cause, ou ainda das limitações do dia a dia, é preciso tocar a vida, desenvolver seus projetos de ordem pessoal e profissional. Porque não há barreira que não possa ser intransponível. Com bastante esforço, luta, de uma forma ou de outra, as barreiras são plenamente transponíveis”.

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