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Para Torquato Jardim, combate às drogas é tarefa coletiva

por publicado: 26/06/2018 11h43 última modificação: 28/06/2018 18h44
Programação da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas tem painéis sobre impacto das drogas em crimes de homicídio e políticas internacionais sobre o tema

Ministro Torquato

Foto: Isaac Amorim/ MJ

Brasília, 26/6/2018 – O ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que o combate e prevenção às drogas é uma tarefa que requer esforço coletivo e o engajamento tanto do poder público como da iniciativa privada. 

O ministro fez a abertura, na tarde desta segunda-feira (25), da agenda de dois dias de atividades da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas organizada pelo ministério, sob coordenação da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad/MJ).      

“Tem de haver um esforço conjunto do setor privado com o setor público para combater isso (a disseminação do uso das drogas)”, disse Jardim. Para ele, esse é um desafio que precisa ser enfrentado em todas as frentes, inclusive da educação e da formação profissional, e requer o restabelecimento da robustez econômica do país para geração de oportunidades de trabalho que viabilize a reinserção do indivíduo.    

A Semana Nacional, cuja programação prossegue nesta terça-feira (26), reuniu especialistas e profissionais do setor no Salão Negro do Palácio da Justiça. Mas, após 20 anos de existência, o evento inovou ao trazer para o centro da programação representantes de comunidades terapêuticas, centenas de usuários em recuperação da dependência e a experiência de acolhidos nessas instituições. 

Também houve grafitagem de corpo presente, em que sete artistas de Brasília, liderados pelo grafiteiro Carlos Astro, coordenador do projeto “Picasso não pichava” em Brasília, entregaram um painel de quase 30 metros quadrados grafitados com o tema “Drogas: não deixe entrar”. 

Pela manhã, as atividades do evento iniciaram-se com as boas vindas do Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Humberto Viana. Ele bateu na mesma tecla e ressaltou a importância de integrar as ações do governo e da sociedade com vistas à redução da demanda e da oferta de drogas.

“Não podemos deixar isso correr solto; e o que estamos fazendo hoje aqui é uma demonstração segura de que essa integração precisa acontecer”, afirmou.

Experiências de prevenção ao uso de drogas foram apresentadas por meio do Projeto Crescer em Boa Vista/RR, que realiza ações para jovens de 15 a 24 anos em situação de vulnerabilidade social, e do Projeto Aprendiz do Bem em Nova Iguaçu/RJ, que atende mais de dois mil adolescentes, jovens e adultos evolvidos com o uso de drogas.  

Ações de cuidado e reinserção social em comunidades terapêuticas também foram apresentadas pela Fazenda da Paz no Piauí/PI e pela Instituição Padre Haroldo em São Paulo – SP. Nesta terça-feira, outros três painéis dão prosseguimento à agenda do evento. 

Senad

Foto: Isaac Amorim/MJ

Comoção e música – No evento mais participativo do dia, três desses dependentes, acompanhados de esposas e mãe, participaram de um talk show com a jornalista Mônica Nóbrega no qual deram testemunho da rotina de sofrimento do “adicto” (como eles se autodefinem como dependentes) e a busca da recuperação. Histórias de comoção e solidariedade. 

O talk show teve a participação do psicólogo e doutor (pelas UnB e USP), também diretor de Articulação e Projetos da Senad, Gustavo Camilo, e do delegado da Polícia Federal Eduardo Maurício de Araújo, coordenador do Grupo de Prevenção ao Uso de Drogas (Gepred) do departamento. 

Leonardo, ao lado da esposa Carla Fabiana, foi o primeiro dos acolhidos em comunidade terapêutica a relatar o caminho das drogas, que começou aos 13 anos com cigarro e álcool, evoluindo aos 19 anos para cocaína e crack, maconha e “outras”. “A substância me fazia sentir mais seguro”, resumiu, ao definir sua necessidade de drogas. 

Ao reconhecer a dependência, ele pediu ajuda à mulher para se recolher à uma comunidade. Em 25 dias achou que estava curado. “Prometi que não iria usar, mas o vício é maior”, afirmou ao descrever sua primeira recaída. Hoje, recuperado, ele comemora: “Tenho muito carinho por ter sido atendido por pessoas que me deram um norte”, disse, agradecendo aos atendentes da instituição terapêutica. 

O segundo depoimento foi De La Gardele e sua esposa Érica. Ele começou aos 14 anos de idade pela maconha e o álcool, há 20 anos. Saiu de casa aos 16 anos e logo deixou de ser assíduo nos empregos, ao passar à cocaína, merla, “sempre progredindo na quantidade do consumo “. 

“Só tive certeza (da dependência do marido) um mês antes de casar”, contou Érica. Casados, após nove meses ele sucumbiu ao crack e voltou para casa dos país. Mas a mulher ficou conhecendo grupos de apoio a dependentes e o ajudou a se internar na comunidade terapêutica. Gardele chegou a roubar as roupas do próprio filho para trocá-las por uma pedra de crack.   

O último a falar foi o acolhido Alan e a mãe Regina. Ele disse que as drogas assumem o comando, mesmo quando você não quer. “Eu não queria usar, mas minhas pernas iam para a biqueira (“boca de fumo)”, relatou. Mas ele está “limpo” há sete anos e dois meses e considera a recuperação um milagre. 

Alan atribui isso em grande parte aos Narcóticos Anônimos. “É uma ferramenta poderosa”, afirmou. O talk show acabou em cantoria sob o comando de um dos participantes, Diego Dias, entoando a canção “Drogas: nem comece”.     

Veja aqui a programação desta terça-feira (26). 


 
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