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Governo homologa Terra Indígena Cachoeira Seca

por publicado: 05/04/2016 09h16 última modificação: 05/04/2016 13h45
Demarcação representa uma vitória para proteção do povo Arara, ao mesmo tempo em que combate o desmatamento predatório e a retirada ilegal de madeira da Amazônia

Brasília, 05/04/16 – O Governo Federal homologa a demarcação da Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, localizada na região oeste do Pará, encerrando uma disputa que se arrasta desde a década de 1970. O Decreto, assinado pela presidenta Dilma Rousseff e publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira (05/04), inclui uma área de 733.688 hectares e beneficia uma população de 105 índios pertencentes ao grupo Arara.

Com a homologação, a União assegura a salvaguarda dos direitos dos povos indígenas da região amazônica e garante o cumprimento da previsão constitucional sobre o tema. Segundo levantamento da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), foram identificadas 1.085 ocupações de não indígenas no interior da TI, sendo 72% de pequenas propriedades.

A Terra Indígena localiza-se próxima às cidades de Placas e Uruará (PA), ao norte de uma região conhecida como Terra do Meio, e integra um dos mais importantes corredores de áreas protegidas da Amazônia e um dos maiores do mundo. Com a homologação, a área se incorpora a um conjunto de Terras Indígenas e Unidades de Conservação de grande importância para o reconhecimento do direito de várias comunidades indígenas, num total de 28 milhões de hectares interligados ao longo da Bacia do Rio Xingu, desde o nordeste do Mato Grosso até o centro do Pará.

Esta é a segunda área destinada ao grupo Arara, que se organizou em ramos com independência econômica e distinta situação jurídica e fundiária. O primeiro na TI Arara e o segundo na TI Cachoeira Seca, grupo mais afastado e relativamente isolado, com aldeia próxima do igarapé Cachoeira Seca, no alto do rio Iriri. Esse grupo, de contato mais recente, é vulnerável a aspectos epidemiológicos, culturais, simbólicos e econômicos, o que faz com que a preservação do “corredor do Povo Arara” que interliga o extremo oeste da TI às aldeias do mesmo povo na TI Arara, seja fundamental para a manutenção dos modos tradicionais de vida desse povo.

A homologação, além de mitigar a ocorrência desses conflitos, combaterá o processo de desmatamento predatório contínuo que ocorre em seu interior, com corte e retirada clandestina de madeira que supera em muito a capacidade de regeneração da floresta. Além de graves ilícitos ambientais, essas atividades provocam a perda da biodiversidade e a fragmentação do habitat de animais silvestres. A homologação da TI é, pois, uma medida concreta no sentido de regularizar o uso e a ocupação da área.

 REGULARIZAÇÃO

Após a homologação, o Governo Federal dará sequência a um conjunto de ações que viabilizem de forma dialogada a regularização desta Terra Indígena, de forma a garantir tanto os direitos da comunidade indígena, quanto dos ocupantes não índios que se instalaram de boa-fé da Terra.

 Assim, do lado da consolidação dos direitos dos índios, haverá o registro da Terra Indígena em cartório imobiliário e na Secretaria do Patrimônio da União, além da implantação de bases de fiscalização com o apoio do consórcio empreendedor da UHE Belo Monte.

Quanto aos não indígenas, sua saída da Terra ocorrerá de forma gradativa, fundamentada em levantamentos que identificarão as ocupações de boa-fé, as benfeitorias realizadas para efeito de pagamento de indenizações, o cadastramento de ocupantes que se caracterizem como clientes do Programa Nacional de Reforma Agrária, para futuro reassentamento, conforme cronograma de desintrusão a ser debatido.

Para iniciar essa nova etapa, o Governo Federal realizará nesta quarta-feira, 6 de abril, reunião com lideranças da sociedade envolvidas com o tema, onde será discutido o cronograma e as condições necessárias ao processo, garantindo, com isso, que todas as ações a serem adotadas serão precedidas de negociações com os atores envolvidos.

ENTENDA O PROCESSO

A homologação decorre de um processo iniciado pela Funai na década de 1970, com a criação da Frente de Atração Arara, acompanhando o movimento de colonização da região com a abertura da rodovia Transamazônica. Em 1987, foi constituído Grupo Técnico para realizar estudos de delimitação da Terra, tendo sido interditados inicialmente 1,06 milhão de hectares. Na sequência do cumprimento das etapas estabelecidas pelo Decreto nº 1.775, de 1996, com possibilidade de aprofundamento de estudos e contestações, a TI Cachoeira Seca foi demarcada, em 2011, com a área agora homologada.

 

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